Mais uma vez nos reunimos aqui pra discutir ela, a doença articular mais comum de todas: a osteoartrite. Além de mais comum, ela é considerada a de maior prevalência após os 60 anos de idade. Então vamos combinar, ela merece nossa atenção né? Segundo alguns estudos, ela é ainda mais complicada do que doenças cardíacas ou renais terminais. Isso é por conta da dor: o nível da que resulta da artrose restringe a atividade do paciente, prejudicando sua aptidão física, seu prazer pelo exercício e com isso, diminui sua força muscular. E se o medo de praticar exercícios viesse somente pelos níveis de dor… O problema é que ele é, muitas vezes, intensificado por conselhos indevidos de profissionais que hoje em dia, graças aos estudos, sabemos que são incorretos. Esses estudos mostram que o exercício físico, seja ele aeróbio ou de treinamento de resistência, tem efeitos sobre a dor e o nível geral de funcionamento em pacientes com osteoartrite. Um dos mais recentes, inclusive, mostra que o efeito do treinamento de resistência em casos de OA de joelho e quadril são semelhantes e comparáveis aos efeitos de anti-inflamatórios não esteroidais. O tratamento aeróbio, por sua vez, tem efeito semelhante às injeções de corticosteróides intra articulares. E se você ainda não se convenceu dos benefícios da prática de exercícios físicos, eu cito mais um estudo:Esse indica que o exercício, além de fazer tudo o que citamos acima, ainda é terapêutico e oferece benefícios ainda no curto prazo, como a redução da dor, a melhora da aptidão física e melhora da qualidade de vida nos pacientes de OA. O mais legal ainda não te contei: esses estudos mostram que cada um desses benefícios ainda é sustentável, ou seja, duradouros. Quando falamos de tipos de treinos, esses estudos mostram que programas ou treinos individuais tendem a resultar em maior redução na dor quando comparados a programas ou treinos em em sala de aula ou até mesmo em casa. E o mais interessante, mais uma vez, repito, é que esses efeitos de redução de dor foram encontrados tanto em treinos aeróbicos quanto os de resistência. Outro ponto bem interessante analisado nesses estudos é que quanto maior o tempo gasto na atividade, no geral, melhor. Exercícios específicos para grupos musculares ligados às articulações afetadas pela artrite, feitos com supervisão pelo menos três vezes por semana, são os com melhores resultados. E a água também entra na onda: hidroginástica, hidroterapia e outros merecem também ser lembrados, já que proporcionam melhorias na rigidez e na qualidade de vida dos pacientes. No geral, levando em consideração todos os estudos citados e milhares de outros publicados, não existem razões comprovadas para acreditar que a atividade física tenha um efeito direto no surgimento ou evolução da doença. A única ressalva que fica para meus colegas médicos, nesse caso, é: tenhamos cuidado ao orientar um paciente receoso e desinteressado pelo movimento da articulação. Não devemos colocar medo e sim, orientar e incentivar. Até porque, uma cartilagem dessas consegue se adaptar a mudança de carga e isso pode indicar um possível ponto de mudança na doença, com inclusive aumento de glicosaminoglicanos e de interleucinas anti-inflamatórias dentro da articulação após o exercício de carga.